ESTUDO DO LIVRO DE
RUTE
A história de Rute se
passa no tempo dos Juízes, num período de desobediência, idolatria e violência.
Conta como uma mulher viúva, moabita, que mesmo sendo de uma nação proibida de
entrar na congregação do Senhor, eternamente (Dt .3), decidiu seguir o povo de
Deus, se tornou bisavó de Davi e ancestral do
Messias.
Essa história desenrola-se entre o mandato dos juizes Gideão e
Jefté. O livro reflete um período transitório de paz entre Israel e Moabe (Jz
3.12-30). Oferece uma série de vislumbres da vida de membros de uma família
israelita. Apresenta também um relato ameno de como permanecera um pouco de fé e
piedade genuína no período dos juízes, suavizando um retrato da época que se não
fosse por isso, seria totalmente obscuro.
AUTOR
A
autoria do livro é desconhecida. Devido a genealogia no capítulo 4 que vai até
Davi, mas não até Salomão, alguns estudiosos entendem que este livro tenha sido
escrito depois de Davi ser ungido rei, mas antes de assumir o trono, quando
Samuel ainda era vivo, por isso uma tradição judaica atribui a autoria do livro
de Rute ao profeta Samuel.
COMPOSIÇÃO E PROPÓSITO
Apesar de situado na Bíblia após o livro de juízes, a exemplo da Septuaginta e da Vulgata Latina, a ordem judaica coloca o
livro na terceira divisão do cânon, entre os Escritos. Por isso não é
considerado parte da história deuteronomista.
Essa comovente história tem provocado diferentes conclusões quanto
ao seu propósito. Uma história como essa não precisa de moral para justificar
sua popularidade, porém não há duvidas de que ela tem uma moral ou um propósito
teológico. Os interpretes da Bíblia não tem dificuldade em encontrar um
propósito; o desafio tem sido encontrar um tema central que perpasse todo o
texto.
Propósito principal – mostrar como uma mulher gentia se converteu
em um dos antepassados de Cristo.
O livro de Rute tem sido interpretado como celebração do seguinte:
1 - que um convertido, mesmo sendo de Moabe, pode ser fiel ao
Senhor e obter filiação plena em Israel.
2 – Que qualidades como lealdade e fidelidade as leis do Senhor
demonstradas por um estrangeiro podem servir de modelo para o povo de
Israel.
Boaz é o modelo para o parente que redime, ao passo que Rute
reflete graciosamente o amor fiel de Deus a quem busca refúgio em suas asas.
Como o livro termina em Davi, muitos o consideram uma mensagem
relativa ao rei. A questão é:
- O que o livro quer transmitir sobre ele?
- É uma tentativa de explicar e desculpar sua ascendência
estrangeira?
- Pretende mostrar a providência divina em ação para preservar a
linhagem da qual era herdeiro?
Outros consideram a ligação de Davi com o livro, secundária.
Acreditam que o propósito é promover a conversão de povos estrangeiros ou
desmotivar o casamento de israelitas com eles. Ambas as ideias são difíceis de
apoiar por causa da mudança da situação descrita na obra e por causa do seu tom
suave.
DIFICULDADES
Questões que tem fascinado estudiosos surgem diretamente de
elementos estranhos da narrativa. Estes podem ser divididos em
grupos:
1
– Questões relacionadas com as dificuldades de definir a data e origem do
livro.
2
– Questões sobre costumes legais, especialmente as obrigações familiares de um
parente próximo de uma pessoa falecida.
TEMA
Providência divina. Diante da tragédia que se abateu na família de
Elimeleque, Deus recompensou amplamente a piedade de Noemi e a lealdade de
Rute.
Como a vida de uma jovem moabita foi
enriquecida:
1
– Por meio da constância de uma sábia escolha
(1.16).
2
– Por meio de um trabalho humilde (2.2-3).
3
– Ao aceitar o conselho de uma amiga mais idosa e experiente
(3.1-5).
4
– Por meio de uma aliança providencial (4.10-11).
5
– Por sua exaltação em uma família real (4.13-17).
TEOLOGIA
Talvez pareça surpreendente que quem
reflete o amor de Deus seja uma moabita, povo que foi amaldiçoado
pelo próprio Deus, por terem agido como inimigos do povo de Israel durante a
caminhada deles no deserto em direção a Canaã (Dt 23.3-4). No entanto, sua total
lealdade à família israelita que à acolheu por casamento e sua devoção total à
sogra Noemi, tornam essa mulher verdadeira filha de Israel, ancestral de Davi e
por consequência de Jesus. É um exemplo claro que Deus não escolhe ninguém por
causa da família, nação ou povo, mas sim por ajustar a sua vida a vontade de
Deus. Rute ao ser incluída na linhagem de Jesus, significa que todos as nações
serão aceitos e representados no reino de Deus.
CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS
Embora seja um documento de clara importância histórica sobre o
período dos juízes, a narrativa do livro é desenvolvida com intensidade
dramática. A história move-se rapidamente através de vários estágios, cada um
sendo marcado por elementos de ironia e suspense, todos contribuindo para
comprovar a fidelidade da providência divina. O Senhor inspira o retorno de
Noemi para Israel, a fidelidade de Rute, a aliança e o apego correto de Boaz no
cumprimento da lei. O livro fecha com uma genealogia do rei Davi, o descendente
de Boaz, o israelita e de Rute a moabita, uma jovem viúva que se refugiou sobre
as asas do Senhor Deus de Israel (2.12).
Rute e Boaz fazem parte de uma genealogia mais extensa onde a graça
de Deus é combinada com a fraqueza humana.
O
QUE ERA O RESGATADOR?
O
sistema do levirato é explicado na literatura israelita em Deuteronômio 25.5-10.
De acordo com essa lei, se um homem morresse sem deixar filhos, o irmão era
obrigado a gerar um filho com a viúva. Posteriormente, esse filho seria
considerado herdeiro do irmão falecido. Assim as famílias não teriam
fim.
A
interpretação do costume do levirato é condizente com direitos de resgate de
terras e introduz o contexto legal do livro de Rute. O termo “Resgatador”, é
tirado da lei de resgate de terras (Lv 25.25-31, 47-55). Segundo essa lei, a
terra vendida podia ser comprada de volta por um parente para manter a terra na
família. Tanto a lei da terra quanto o levirato tinham o propósito de preservar
família e terra, questões essenciais na aliança. Eram provisões sociais pelas
quais as promessas divinas continuariam a se realizar mesmo para famílias em
crise.
QUEM ERAM OS MOABITAS?
Os moabitas são descendentes de Ló, sobrinho de Abraão com sua
filha primogênita. Estabeleceram-se na Transjordânia, território entre o mar
Morto e o deserto da Arábia, anteriormente ocupada pelos emins, conhecidos
também como refains ou enaquins (Deuteronômio 21.10-11). Muitas vezes faziam
incursões predatórias em Israel; “em
bandos costumavam invadir a terra, à entrada do ano” (2 Reis 13.20).
Combatidos por juízes e por Saul, foram definitivamente vencidos por Davi.
Tinham religião politeísta e um regime monárquico. Seus deuses principais eram
Quemos, Atar e Baal-Peor. Inscrições encontradas coincidem com os da Bíblia e
mostram que Quemos era o deus de Moabe.
ANÁLISE HISTÓRICA
Sobre Noemi:
1- Sua permanência em Moabe (1.1-5).
2- Seu triste regresso à Belém (1.6-22).
Sobre Rute:
1- Respiga nos campos de Boaz (cap. 2).
2- Seu casamento com Boaz (4.13)
3- O nascimento de seu filho Obede, avô de Davi
(4.13-16).
4- Na genealogia de Davi (4.18-22).
|
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Assinar:
Postagens (Atom)